Em alguns casos, os primeiros sintomas de cólicas surgem por volta dos 15 dias de vida. Depois de um dia tranquilo, o bebé começa a contorcer-se com dores e a chorar compulsivamente, devido à acção dos gases intestinais - uma reacção psicossomática típica do lactente.
Em crises mais graves, mexe as pernas com violência, o rosto fica avermelhado e solta gritos agudos de tanto desespero. Qualquer um dos cenários deixa os pais assustados. No entanto, é fundamental que os adultos, mesmo que inexperientes, permaneçam serenos, na tentativa de acalmar o filho.
A duração das cólicas é incerta e costumam desaparecer da mesma maneira que aparecem: de repente. O panorama pode repetir-se ao longo de três meses, o que dá a sensação de que jamais vai ter fim. Embora sejam apontadas várias causas, o certo é que a origem do problema continua a ser uma incógnita. Em todo o caso, é importante sublinhar que esta complicação não é uma doença, pelo que pode ser resolvida com o tempo. Os factores que a desencadeiam são os seguintes:
- Stress
A chegada de um novo membro vem alterar por completo a rotina dos adultos. O recém-nascido também está habituado a um mundo totalmente diferente e também se mostra sensível ao rodopio diário do novo lar, com entrada e saída de visitas. Como consequência, fica com cólicas, uma forma de manifestar o próprio cansaço.
- Imaturidade do sistema digestivo
Como não se encontra totalmente desenvolvido, a digestão, ao acelerar o funcionamento dos intestinos, provoca cólicas. "Existe uma menos absorção de lactose, o que implica o aparecimento de gases", afirma Pilar Quinhones-Levy, pediatra.
- Aerofagia fisiológica (engolir ar)
Em geral, os bebés sofrem de cólicas, independentemente do tipo de alimentação que recebem. Com efeito, um dos problemas reside na maneira como o lactente suga o biberão, ou o peito. Nesta etapa, é natural que engula ar, o que provoca a dilatação do intestino, que, por sua vez, empurra o diafragma, dando origem a soluços. Como não sabe arrotar, or ar fica retido nos intestinos, provocando-lhe espasmos. Uma boa maneira de evitar as cólicas é colocar a boca delé à mesma altura do mamilo, na amamentação a peito. Se é alimentado com biberão, convém que a tetinaesteja sempre com leite, para não sugar o ar. Quando estiver com o nariz tapado, aplique soro fisiológico nas narinas dele, minutos antes da mamada. No final de cada refeição, faça-o arrotar na posição vertical, com a ajuda de pequenas pancadas nas costas. No entanro, "engolir menos ar ajuda, mas não resolve. por outro lado, ao chorar também engole ar", declara a especialista.
- Alimentação
O leite adaptado "só dá problemas mais graves se existir uma intolerância às proteínas do leite de vaca. Claro que o melhor leite é o materno, mas os bebés amamentados também têm cólicas", salienta a pediatra. No entanto, "não existe uma relação directa entre a alimentação da mãe e as dores de barriga do lactente", sublinha Pilar Quinhones-Levy. Além disso, algumas substâncias, que passam para a criança através do leite materno, são expelidas de forma natural pelo organismo.
Precauções fundamentais
Em casos como este, o pediatra não prescreve nenhum antiespsmódico, pois estes "estão contra-indicados nas cólicas do lactente, por terem muitos efeitos secundários", diz Pilar Quinhones-Levy.
Por sua vez, a mãe tem de prestar todos os cuidados com a alimentção, sobretudo com o tipo de fruta e de legumes, durante o período de amamentação. Ao mesmo tempo, é imperioso que abandone completamente o consumo de álcool, tabaco e café, produtos prejudiciais à saúde do bebé. Por vezes, julga-se que o lactente ficou com fome, mas a verdade é que durante a tarde, a produção de leite diminui nas mães que amamentam. Daí a hipoalimentção ser frequente ao longo desse período. Todavia, o bebé "só deve estar ao peito enquanto a mãe ouvir os goles de leite", indica a pediatra.
Por último, aconselha-se que veja o seu filho como uma certa prioridade durante as primeiras semanas de vida. Se possível, remeta os afazeres domésticos para o pai, familiar ou empregada, para que possa dedicar todo o tempo ao bebé.
Naturalmente, as mulheres que passam pela primeira esperiência da maternidade tendem a ficar mais ansiosas e deprimidas. Pilar Quinhones-Levy sugere: "O melhor é tirar uma folga, pedir a uma familiar para ficar com a criança ou arranjar um baby-sitter de confiança e passear um pouco para se distrair."
De qualquer modo, é aconselhável referir o caso ao pediatra, "apesar da maioria das cólicas não ter uma causa orgânica", alerta a especialista. Em determinados casos, são efectuados alguns exames"ou, eventualmente, muda-se o leite adaptado", acrescenta. A especialista defende que, "se o desenvolvimento e o crescimento do bebé for adequado, é importante dizê-lo, pois isso pode ajudar a diminuir a ansiedade dos pais".
COMO ALIVIÁ-LO DAS DORES
Existem várias maneiras de tranquilizar o bebé, no sentido de eliminar as dores provocadas pelas cólicas. Tome nota de alguns conselhos práticos que aqui deixamos:
- Massage as costas e a barriga dele com movimentos circulares;
- Exercite as pernas dele como se estivesse a andar de bicicleta;
- Coloque-o à mesma altura do mamilo quando estiver a amamentá-lo;
- Incite-o a colocar a aréola de mama na boca para não entrar ar;
- Levante o biberão de maneira a que a tetina esteja sempre com leite;
- Ajude-o a arrotar entre as mamadas.
O QUE FAZER
Existe vários processos que pode experimentar para tranquilizar um bebé com dores, nomeadamente:
- Coloque-o de lado e deite-se junto dele. Fale-lhe calmamente, enquanto o acaricia;
- Mantenha-o em contacto com a sua pele. Deite-o sobre a sua barriga, ou a do pai, para que relaxe com o calor corporal. O contacto físico é muito importante para ele e as batidas cardíacas transmitem-lhe serenidade;
- Deite-o de barriga para cima, segure nas pernas dele e movimente-as suavemente, como se estivesse a andar de bicicleta (duas horas após a refeição);
- Massaje-lhe as costas em movimentos circulares ligeiros, no sentido dos ponteiros do relógio (tire-lhe a fralda primeiro, para que se sinta mais confortável);
- Coloque-o de bruços sobre um dos seus braços, de modo a aconchegar a barriga dele, e embale-o enquanto lhe fala carinhosamente;
- Opte pelas tetinas anti-soluço para o biberão e lembre-se que, nas mamadas, a boca dele deve cobrir toda a aréola do peito, de modo a que não entre ar;
- Embale-o suavemente, enquanto ouvem uma música agradável;
- depois de cada refeição, pegue-o ao colo e dê-lhe palmadinhas suaves nas costas, pois assim expulsa o ar.
Retirado da Revista Crescer de Outubro de 2004
Espero que sirva de alguma ajuda à mamã Sara e ao papá Nelson e a muitos outros!!!
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