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domingo, novembro 05, 2006

Congresso debate alternativas para partos de baixo risco

Mais de 60% dos partos portugueses são feitos por enfermeiros especialistas e o obstetra só intervém face a complicações. A temática começou a ser debatida em círculos restritos, avançou a presidente da Comissão de Saúde Materna e de Obstetrícia da Ordem dos Enfermeiros (OE), Lúcia Leite, e é um dos painéis do primeiro congresso internacional sobre a "Humanização do Nascimento", que termina hoje, em Almada.

"São as mulheres com maior escolarização e maior informação que debatem estas questões, porque já perceberam que estão a perder outras coisas", pormenorizou a responsável da OE, admitindo que "não se pode negar que hoje há acesso a um conhecimento técnico e científico que permite oferecer outras alternativas ao parto e em segurança".

A maioria destas opções está direccionada para o parto natural - nos casos em que não existem problemas médicos associados - e centra-se na noção de um parto com menos intervenção tecnológica, mais humanizado, por oposição ao parto praticado em ambiente hospitalar.

Espanha, por exemplo, já passou à prática destas alternativas, em clínicas privadas, criando também espaços denominados "casas de parto", que são residências de pequena dimensão assistidas por profissionais de saúde e com acesso facilitado ao hospital mais próximo.

Para Lúcia Leite, as "alternativas devem existir" mas o essencial é "as mulheres terem toda a informação para poderem decidir como querem ter o seu parto".

Também a presidente da Associação Portuguesa de Enfermeiras Obstetras ( APEO), Dolores Sardo, realçou à Agência Lusa que a falta de informação da mulher é a principal batalha a vencer, acrescentando que "as mulheres optam pela cesariana por que não estão informadas". "Tem-se passado a mensagem de que a cesariana envolve menos riscos e por isso muitas mulheres a pedem", lamentou.

Ambas as especialistas rejeitam que um parto natural possa ser sinónimo de parto naturista - "porque tem que se oferecer segurança técnica à mulher e à criança" -, e consideram que uma opção possível em Portugal seria a criação de espaços diferentes dos actuais blocos de parto.

"As unidades de apoio perinatal poderiam possuir unidades, paralelas aos actuais blocos de parto, com um ambiente acolhedor e que permitissem maior liberdade à mulher grávida de baixo risco", sintetizou a responsável Lúcia Leite. Apesar dos constrangimentos de espaço de que sofrem nas maternidades portuguesas, a responsável acredita que "em alguns já seria possível criar este tipo de ambientes".

O exemplo da Holanda

Desde o início da gravidez que a maioria das mulheres holandesas é seguida por uma parteira, responsável por toda a vigilância e exames, e que as acompanha, igualmente, no parto, seja este em casa ou num hospital. Na Holanda, a parteira é uma profissional com formação específica e autonomia técnica, legalmente capacitada para receitar medicamentos, e uma figura-chave nos serviços públicos de saúde, explicou à Agência Lusa Greta Rijninks, da Real Associação Holandesa de Parteiras. O modelo de nascimento holandês e a possibilidade de a mulher, no caso de uma gravidez de baixo risco, poder escolher o tipo de parto que pretende foram referidos várias vezes como um exemplo de humanização do nascimento durante o primeiro congresso sobre a matéria, que termina hoje, em Almada. Na Holanda, um país com cerca de 16 milhões de habitantes e que registou 188 mil nascimentos em 2005, existem cerca de 1950 parteiras.

2 comentários:

ni disse...

Excelente post! Aos poucos, também as coisas estão a mudar em Portugal...
;o)

beijos e abraços

BabyJust disse...

Obrigada pela informacao, e excelente. Eu estou a morar na Holanda, e gravida de 34 semanas nesse sistema, tudo isso e verdadeiro, mas tambem e verdadeiro que fazem 1 eco, a das 12 semanas, e a das 20 so se a mae disser que quer, e mais nenhuma. Nunca fui pesada, fiz analises de sangue com 6 semanas de gravidez e nunca mais fiz mais nenhum controlo, nem urina nem nada, nunca. Por isso acredito que funcioa optimamente aqui, ams tambem sinto-me pouco vigiada...