Os Nossos Amigos

segunda-feira, julho 02, 2007

Bebés difíceis!!!!

Há bebés que levam tempo a adormecer, choram dia e noite, não gostam de colo, não conseguem acalmar. A pensar nestes casos, a Unidade de Primeira Infância do Hospital de Dona Estefânia criou uma consulta que ajuda pais e bebés a encontrar um equilíbrio.
O choro constante, as birras, a intolerância às mudanças de fraldas, aos horários, às rotinas, ao colo. Enfim, a irritação total. De dia, de noite, a qualquer hora, sem razão aparente. Alguns bebés são assim, mais difíceis do que outros. Os pais desesperam, questionam-se se estarão a fazer algo de errado. Sentem-se impotentes e cansados.
Para estes casos, nasceu, na Unidade de Primeira Infância do Hospital de D. Estefânia, a consulta de bebés irritáveis. Aqui chegados, os pais deixam para trás os conselhos das tias e das avós, os palpites das vizinhas, as idas ao hospital sem que nenhum problema seja detectado. A mãe começa a esquecer as lágrimas de frustração por não conseguir acalmar o seu filho.
Cinco profissionais estão a postos para receber a família: um pedopsiquiatra, uma psicóloga, uma assistente social, uma enfermeira e uma terapeuta ocupacional. Uma equipa de peso, que tem como missão ajudar os pais a detectar as causas do esconforto daquele bebé que consegue, com o seu choro, alvoroçar uma casa inteira.
«Fazemos trabalho de detective, com a colaboração dos pais», explica o pedopsiquiatra Pedro Caldeira.
Pais também sofrem
A consulta de bebés irritáveis funciona desde Janeiro de 2005, na Unidade de Primeira Infância do Hospital de Dona Estefânia. É na Rua 17 do Bairro da Encarnação, nos Olivais, que as famílias podem encontrar o apoio por que tanto anseiam. «Bebés difíceis deprimem os pais», alerta o pedopsiquiatra Pedro Caldeira. Não é fácil gerir o dia a dia de um recém-nascido que chora constantemente, que não consegue regular os ciclos de sono ou de fome, ou que se assusta quando lhe pegam. «É muito complicado, para uma mãe, aceitar que não consegue acalmar o seu bebé. Sente-o como uma declaração de incompetência, culpa-se por, se calhar, não o ter desejado tanto como era suposto», diz Pedro Caldeira.
Na consulta de bebés irritáveis há poucas regras. Cada bebé é único, tem características especiais e é preciso identificá-las para que os progenitores possam adaptar-se ao «seu» filho. Mas há um princípio fundamental: «Há sempre uma palavra de conforto para os pais», garante a enfermeira Maria João Nascimento. Não há «pestinhas», nem «fases que passam» nem «cólicas» como justificações para a resignação.
Mitos há muitos:
Colo: Há que desmistificar a ideia de que o colo vicia os bebés. Sentir a presença da mãe ou do pai, pele com pele, é o melhor bálsamo para um recém-nascido.

Ver e ouvir: Agir como se o bebé não visse nem ouvisse, ignorando o efeito benéfico ou nefasto dos sons, da luz e da cor, impede os pais de conhecerem melhor as reacções do bebé.

Choro: Conhecer o bebé passa por investigar o que o faz sentir-se bem e o que lhe provoca desconforto e sofrimento. Pensar «faz-lhe bem chorar» não ajuda muito.

Gente: Saltitar de ama em ama, de creche em creche e de avó em avó implica uma adaptação constante. A irregularidade na prestação de cuidados pode fazer com que o bebé se sinta inseguro e criar-lhe dificuldades futuras na criação de laços afectivos.

Dormir na cama dos pais: A tese não é consensual, mas o pedopsiquiatra Pedro Caldeira aconselha as mães de bebés difíceis a colocá-los na sua cama. «Há bebés que precisam de dormir com os pais para se sentirem bem. E a natureza explica isso: as crias humanas tinham de dormir acompanhadas para não serem comidas», diz.

Estímulos: Mais do que insistir para que os bebés aprendam coisas, é importante gozar o prazer da relação e dos afectos.

Pais perfeitos: «Pais perfeitos fazem mal aos filhos», provoca Pedro Caldeira. A pensar nos miúdos mais crescidos, o especialista condena a tentação de criar «um ambiente familiar em que não há afectos negativos ou frustração». Na sua opinião, é positivo que as crianças experimentem uma gama variada de sentimentos, o que inclui por vezes odiar os pais, ter medo deles ou sentir-se injustiçado. Negar-lhes essa oportunidade faz com que abdiquem dos seus sentimentos mais autênticos e prepara-os mal para as dificuldades. A vida é assim, alerta o especialista.

In Pais e filhos

2 comentários:

rute29 disse...

Eu fui mãe de um bebé dificil agora já não sou porque ele cresceu e tornou-se num menino muito fofo e simpatico , mas o que poderia ter resultado daí... tive uma depressão pós parto com recaida o meu casamento quase que terminava porque simplesmente não conseguia cuidar do meu bebé , todas emoções que são descritas nesse artigo conheço-as tão bem mas não tive muito apoio , fui eu e ele quase sempre ... e tenho muito medo de passar por elas novamente !!
beijinhos!!

MMCS disse...

Gostei de ler :)
Bjo!