Os Nossos Amigos

segunda-feira, julho 30, 2007

Rivalidade é uma constante

O nascimento de um irmão é um dos momentos-chave na vida de uma criança, diz o pediatra mais famoso do mundo, T. Berry Brazelton, que, por considerar o assunto tão importante, lhe dedicou um livro: Compreender as relações entre irmãos (Editorial Presença, 2005). O filho único, que até aí dominava as atenções dos pais e de toda a família, vai ter de aprender a partilhar - o amor, a casa, os brinquedos. É normal que se sinta "ressentido" e que o demonstre, fazendo birras. É normal que tente captar a atenção dos pais, regredindo no seu comportamento. Mas esta é também uma oportunidade para a criança crescer e aprender a lidar com a adversidade da vida.

Passada a fase dos ciúmes, viver com um ou mais irmãos torna-se uma experiência única. E os psicólogos sabem-no tão bem quanto conhecem os problemas dos filhos únicos. "A rivalidade parece ser quase uma constante que marca a relação entre irmãos", escreve a psicóloga Adriana Campos. "Apesar de dimensões como a competitividade e o ciúme entre irmãos ser frequentemente sublinhada pelos pais, não há margem para dúvida que este tipo de relação é uma importante fonte de aprendizagem e de treino de relações entre iguais. É no contexto destas relações que se desenvolvem não apenas sentimentos de solidariedade, entre pessoas que estão ao mesmo nível e que possuem o mesmo tipo de poder." Os irmão são aliados para a vida.

E isso acontece mesmo quando enfrentam a separação dos pais. Sabe-se que quando a hostilidade entre o casal se expressa abertamente, a criança, mesmo em idades precoce, mostra ansiedade. Estudos mais recentes demonstram a importância do coparenting, ou seja, o apoio mútuo entre os pais, a coesão mesmo em estado de crise familiar. Os psicólogos acreditam que altos níveis de hostilidade-competitividade associados a baixos níveis de harmonia familiar podem contribuir para aumentar a agressividade na idade escolar. Mas isso, como diz a psicóloga Marina Carvalho, não explica nenhum tipo de violência, muito menos a violência entre irmãos.

Regra geral, a agressividade natural das crianças vai variando, com a idade, da forma física e instrumental para a forma verbal e hostil. Dos seis aos 14 anos, a agressividade entre irmãos é mais comum. As pequenas rivalidades do quotidiano assumem enorme importância nesta idade. A partir da adolescência, toda a agressividade tende a diminuir e, normalmente, os irmãos tornam-se cúmplices, aliados (muitas vezes contra os pais), amigos - caso contrário podemos estar perante um problema de adaptação.

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