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terça-feira, setembro 25, 2007

De onde vêm as cólicas?

Muito se tem debatido sobre a origem das chamadas «cólicas do lactente». Há quem as atribua ao ar que o bebé engole, quem diga que a origem está numa certa reacção de intolerância ao leite de vaca (visto serem mais frequentes nas criança alimentadas com substitutos do leite materno), ou quem defenda tratar-se de uma reacção natural ao stress do parto e dos primeiras semanas de vida.
E ainda temos que contar com a imaturidade intestinal que faz com que certos segmentos intestinais se «fechem», de vez em quando, provocando dilatação nos anteriores e dando dor. Provavelmente toda a gente tem a sua parte de razão, ou seja, haverá certamente vários mecanismos envolvidos, embora o motivo predominante varie de criança para criança.

Os bebés engolem ar

É um dado adquirido, esta denominada «aerofagia fisiológica», ou seja, o facto de os bebés engolirem ar espontaneamente. Quando chucham ou simplesmente abrem a boca, «comem» ar, dado que ainda não têm bem regulados os mecanismos de concertação da respiração e da deglutição.
Por outro lado, se tiverem o nariz tapado na altura em que vão mamar engolirão muito mais ar, pela mesma razão e pelo fato de terem a boca e o nariz «tapados» ao mesmo tempo.
Daí a importância de se colocar soro fisiológico nas narinas do bebé alguns minutos antes da mamada, desde a maternidade.
Se o tempo estiver particularmente seco, como acontece no Verão ou quando se usam aquecedores que secam o ambiente, este problema agrava-se ainda mais. Também é preciso saber que o nariz dos bebés recém-nascidos está quase sempre entupido, e isto acontece porque a nossa programação genética faz com que estejamos preparados para um ambiente que nada tem a ver com o actual, em termos de temperaturas, humidades e poluição.
Assim, o nariz «de há cem mil anos» do bebé pequeno tem que ter um período de adaptação, durante o qual reage da maneira que sabe: produzindo secreções e inflamando-se, o que, num nariz já muito estreito, ainda vai provocar mais obstrução.
O ar, uma vez engolido, vai dilatar o intestino e provocar dor, além de «empurrar» o diafragma e originar soluços.

Reacção ao leite de vaca
O leite de vaca está na base dos leites comerciais substitutos do leite materno, ou seja, do leite «de lata» que se dá aos bebés no primeiro ano de vida, e também na alimentação da maioria das mães. Estas reacções, sem chegarem geralmente a ser verdadeiras alergias graves, podem manifestar-se por cólicas.
O intestino funciona em segmentos que, quando tudo está bem, estão coordenados, quando um aperta o seguinte abre e, assim, o conteúdo intestinal avança. São os chamados «movimentos peristálticos».
Estes segmentos itnestinais são comandados por nervos enquanto este sistema ainda não estiver maduro,e convém não esquecer que o intestino é um dos (poucos) órgãos que praticamente não funciona durante a vida fetal, pode acontecer um segmento contrair-se mas o seguinte não estar dilatado.
Resultado: a meio dá-se uma dilatação súbita que causa dor. Esta imaturidade intestinal é também uma das causas de cólicas no bebé pequeno.

O stress
O parto talvez seja um dos momentos mais intensos da vida. Passar-se de um ambiente calmo, quente, relativamente insonorizado, sem ruído, com sons filtrados, ouvindo os batimentos pendulares do coração materno, acompanhado, envolvente, para um ambiente diferente, mais agressivo, menos receptivo, com variações térmicas grandes, luz, som e outros estímulos, com variações fisiológicas muito grandes (expansão dos pulmões, alterações a nível do coração, corte do cordão umbilical, etc).
Cada vez que o bebé abre os olhos apanha uma autêntica enxurrada de informação e de bytes que podem constituir uma verdadeira overdose.
Pior ainda se o ambiente de casa, que deveria ser de contemplação calma e tranquila, está perturbado constantemente pelas visitas, telemóveis, ansiedade.
Tudo isto constitui um factor de stress muito grande.
Nenhum de nós, provavelmente, aguentaria actualmente essa carga. Os bebés têm que a suportar. E, logicamente, têm que a «descarregar».
O intestino é o órgão-alvo para esta reacção, como o será durante toda a vida - as cólicas antes dos exames, antes das entrevistas para um emprego, quando os nossos superiores hierárquicos resolvem «visitar-nos» ou quando resolvemos declarar-nos à nossa amada (ou amado) são bem conhecidas. de todos nós.
Daí o choro, a necessidade de consolo, de mimo, de envolvência, e daí também as cólicas, verdadeira reacção psicossomática, provavelmente uma das primeiras deste tipo, das muitas que teremos pela vida fora.

In pais e filhos

3 comentários:

Xana disse...

Querida, não estou esquecida do que me pediste. No e-mail não tenho nada. Já procurei no blog e ainda não encontrei, vou continuar a procurar. Tem é de ser aos poucos, porque é aqui no emprego.

Beijinhos

Margarida disse...

Agradeço, mas deve ter sido a PM ou a Clara a pedir alguma coisa, eu sou a Margarida :)

Unknown disse...

Por acaso na aula de cuidados com o recém nascido, dada na maternidade, têm a teoria de o bebé ao mamar engolir ar, mas também referiram que no caso dos bebés alimentados a peito, acontece mais na altura da passagem do colostro para o leite.
Seja como fôr referiram que um bebé no final do dia, que está vermelho e a contorcer-se de dores, não deve ser alimentado, primeiro devemos analisar se a barriguinha está dura, depois com o termometro, ajudar a aliviar os gazes (n é fácil de descrever a tecnica), também me falaram na técnica do bebégel, cortar o fundo da embalagem, tirar o gel todo, enfiar no rabinho do bebé o cano, e aguardar enquanto se ouve o ar a sair. O alivio dos gazes nunca é imediato, mas cerca de 30 minutos depois... melhora e já se pode dar o leite ao esfomeado bebé que com tantas cólicas e dores náo conseguia comer.