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segunda-feira, setembro 17, 2007

Testemunho da Anna Pires

Casei muito nova, com 21 anos. Apesar de o meu marido não querer ter logo filhos, e porque sempre temi a infertilidade, não tentei impedir a gravidez. Pouco tempo depois engravidei e sofri um aborto espontâneo, que me causou uma infecção grave. Entretanto, voltei a tentar engravidar e, como não conseguia, mudei de médico. Ele fez os exames todos e aconselhou-me a ser operada para desobstruir uma trompa (provavelmente danificada pela infecção). Para além da cirurgia à trompa, retiraram-me um quisto e parte do ovário direito. Entretanto fiz estimulações com Dufine e, como nada resultava, fui encaminhada para o Hospital São João no Porto. Mais um batalhão de exames e um diagnóstico: infertilidade inexplicada. Fiz então a primeira inseminação. Tive logo um positivo. Não é preciso descrever aqui a minha felicidade, até porque já estava casada há sete anos. Mas foi alegria de pouca dura, pois perdi o bebé às oito semanas. Além disso, tive também uma gravidez heterotópica, ou seja, tinha outro embrião que ficara preso na trompa. Fui operada de urgência e perdi a trompa. Depois fiz mais duas IIU, ambas negativas. Fiz também duas FIV, sem resultado positivo. Nessa altura, eu e o meu marido decidimos passar para a adopção e tentar uma terceira FIV (e, caso não resultasse, iríamos desistir definitivamente de tratamentos). Ao mesmo tempo que me inteirava do processo de adopção, fiquei grávida novamente. Mas foi mais uma alegria efémera, porque comecei a ter logo os mesmos sintomas da gravidez anterior. Eu já sabia que ia ser outra ectópica. Foi um diagnóstico muito complicado, porque não detectavam o embrião, embora soubessem que estava algures. Fiz então uma nova cirurgia, na qual perdi a segunda trompa. Morriam assim todas as minhas esperanças de algum dia ter um filho. Bati no fundo do poço e fiquei sem vontade de seguir em frente com a minha vida. Tentei ganhar forças e agarrei-me à possibilidade da adopção. Fui recuperando lentamente o meu optimismo e parti para a última FIV; não queria mais passar por toda aquela dor e angústia. Foi o tratamento que menos me entusiasmou e parti sempre do princípio de que não iria resultar, tanto mais que só havia um embrião para transferir e recusei fazer o repouso de quinze dias.
Resultado: tive uma gravidez fantástica e hoje tenho o meu milagre: o Zezé, um lindo menino que preenche a minha vida. Tenho 38 anos, doze dos quais em busca deste sonho. A vida é realmente feita de altos e baixos, mas também de pequenos milagres!
Anna Pires


Anna, muito obrigada pelo teu fantástico testemunho. As maiores felicidades para a tua família. Admiro muito o facto de mesmo depois teres conseguido o teu milagre ainda continues a dar apoio a todas que ainda não o conseguiram.

(A Anna é uma das moderadoras do fórum da API e ainda responsável por um grupo piloto de apoio em Braga)

2 comentários:

Cláudia Braz disse...

Apesar de nunca ter tido, até à data, qualquer problema de infertilidade, revejo-me no teu testemunho!
É muito difícil desejar-mos tanto uma criança, conseguir o tão almejado positivo, e passar por abortos espontâneos e gravidezes ectópicas!...
Mas, finalmente o milagre aconteceu! E este testemunho é mais uma prova de que se deve continuar a tentar e manter a esperança num futuro risonho!

um beijinho muito grande para ti e para as moderadoras do Babyblogs

Moranguinha disse...

Existem pessoas que nos surpreendem, deixam-nos de lágrima no olho e principalmente nos mostram o que é ter coragem.
A Anna é definitivamente uma pessoa dessas!
Obrigada por partilhares connosco a tua experiência. tenho a certeza que muitas pessoas se reveem nela e ganham um pouco mais de alento ao ler o teu testemunho!
Muitas felicidades querida!

Moranguinha