Os Nossos Amigos

sábado, outubro 13, 2007

Testemunho de Amamentação da Mamã Tânia

Respondendo ao desafio da PM:

A amamentação para mim nunca foi uma ortodoxia, na medida em que sempre achei que iria dar de mamar, se tivesse leite, mas não seria um drama se não tivesse. Sempre achei que, findos os 4 meses de licença, irei deixar de amamentar. Sempre achei que amamentar seria fácil. Sempre achei imensas coisas... e quase todas foram diferentes.

Começando por onde se deve começar, ou seja, do início, os primeiros dias da amamentação correram razoavelmente. A minha subida de leite não foi fácil, fruto, também, de alguma inexperiência, por ser a minha primeira maternidade. Isso tornava as coisas mais complicadas, mas fomos levando bem a tarefa.

Ao fim de uma semana, estávamos em "velocidade cruzeiro".

Com altos e baixos, foi tudo correndo bem, até aos 2 meses de idade da pequena. O meu leite era bom, ela crescia a olhos vistos. Não era fanática da mama, mas não se rogava a comer...

O calor do Verão, associado às primeiras descobertas dos 2 ou 3 meses de idade, trouxeram uma volta de 180º nas coisas. De repente, a Leonor mamava 2 ou 3 minutos e não queria nada ou, simplesmente não mamava. Eu stressava, encurtava os espaços entre mamadas, tentava 1001 técnicas, mas isso estava a ser extremamente pesado e exigente, para além de infrutífero.

Liguei ao pediatra dela na altura que laconicamente me respondeu para lhe dar suplemento. Apesar de eu saber perfeitamente que o problema não era qualidade do leite, mas sim não querer mamar, tentei. Obviamente ela não gostou. Aliás, nem do meu leite congelado gostava...

Contactei uns quantos grupos de apoio à amamentação, mas não encontrei respostas que me servissem. As técnicas que me sugeriam já tinham sido mais que experimentadas, sem resultado. Por outro lado, nalguns deles, quase me davam a entender que eu é que estava fraca... É fácil falar, caramba!

A páginas tantas, apercebi-me que as mamadas da noite iam correndo sempre razoavelmente bem, porque ela mamava meio a dormir (isto porque ela não acordava para comer, mas como eu lhe dava mama de 3 em 3 horas, punha-a a mamar dormindo). Ideia: e se, antes de cada mamada, a adormecesse? Comecei a experimentar e deu certo. Mas isso trazia um segundo problema: 7 vezes por dia tinha de a adormecer, muitas das quais eram em alturas em que ela estava perfeitamente desperta.

Confesso, era muito esgotante e nessa altura só não desisti de amamentar por ela rejeitar completamente os suplementos que ia tentando dar-lhe, de quando em vez.

Às vezes colocava-a no carro para a adormecer, mas normalmente fazia-o em casa, na minha cama, com tudo silencioso. Bastava qualquer pequeno som e ela acordava e deixava de mamar.

Por volta dos 3 meses, graças a uma amiga, descobrimos uma marca de suplemento que ela gostou. Aí tive força para não desistir da amamentação e passei a dar-lhe apenas um biberão de suplemento por dia, no horário em que normalmente me custava imenso adormecê-la.

Aí, sim, as coisas começaram a funcionar bem. Nos outros horários era mais ou menos fácil e deixei de andar ansiosa à hora das refeições.

Um pouco antes dos 4 meses, ainda lhe introduzi um segundo biberão e aí correu tudo lindamente.

Com a chegada dos 4 meses e a introdução da papa e, pouco tempo depois, da sopa, o biberão desapareceria, excepto em SOS. Ora, nessa altura ela enjoou, até hoje, todo o leite, que não o materno. Mesmo quando eu queria dar-lhe um biberão, ela não queria.

Como, nessa altura, ela já só mamava 3 vezes por dia, a técnica de a adormecer resultava em pleno.

Passado algum tempo, passou a só mamar duas vezes por dia (uma à noite e outra de manhã). Desde essa altura, mais ou menos aos 8 meses, não sei porquê, os stresses a mamar desapareceram. Apesar de muitas das vezes estar adormecida, se acordasse não acontecia nada, continuava a mamar.

Hoje, com 16 meses, continua a mamar, já só uma vez por dia.

Nunca pensei que fosse tão complicado, nunca pensei que fosse exigir tanto de mim, mas a verdade é que valeu a pena, garantiu muita saúde à minha filha e agora é um prazer para as duas. Mas também percebi porque é que as estatísticas mostram que há muitas mães a desistirem de amamentar... Nem sempre é tão intuitivo como pensamos e às vezes surgem problemas que nunca chegamos a perceber...

Tânia

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