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terça-feira, outubro 16, 2007

Um quinto dos abortos é feitos no privado

Três estabelecimentos privados e 39 públicos já fizeram três mil IVG As interrupções voluntárias da gravidez deverão ser "significativamente menos" do que se previra para o nosso país menos de 15 mil, em vez dos estimados 20 mil por ano, e deverão ser, na sua grande maioria, realizados nos serviços públicos. Ao cabo de três meses da liberalização do aborto até às dez semanas a pedido da mulher, foram realizadas pouco mais de três mil interrupções voluntárias da gravidez, num processo que o director-geral da Saúde, Francisco George classifica de positivo.

"Inicialmente, estávamos em crer que teríamos 20 mil IVG por ano", calculadas a partir de dados internacionais. "Mas tudo indica que poderemos ter significativamente menos", adiantou Francisco George ao JN. Com "cerca de mil registos por mês", dificilmente se chegará às 15 mil anuais, um número que fica, inclusivamente, aquém do que calculara o único estudo realizado no país sobre aborto clandestino. Da autoria da Associação para o Planeamento da Família, estimava-se em mais de 17 mil as IVG ilegais feitas anualmente entre nós. No entanto, de acordo com Paulo Sarmento, da Maternidade Júlio Dinis, no Porto, e responsável pela implementação do programa de IVG no Norte, "nos grandes hospitais e nas maternidades centrais, o número esperado era ligeiramente inferior". Mas garante que não há problema de resposta e o movimento está "estabilizado".

Segundo Francisco George, 80% das IVG são realizadas no serviço público - ou pelo menos aí iniciadas, sendo depois referenciadas para o privado (Clínica dos Arcos). As desistências após a consulta prévia não chegarão aos 10%, adianta Paulo Sarmento.

Outro número a destacar prende-se com a opção das mulheres pelo aborto com medicamentos em 75% dos casos. Um indicador que o director-geral da Saúde entende como de "grande qualidade" e no qual baseia a esperança de que as IVG nos centros de saúde possam ser uma realidade a breve prazo. Falta dar formação aos médicos e formalizar esquemas de fornecimentos de pílula abortiva, que, segundo a lei, só pode adquirida por hospitais.

O único centro de saúde do país que já pratica aborto, em Viana do Castelo, já realizou "uma dezena" de IVG desde o início do mês. Mas, aí, diz Paulo Sarmento, a experiência beneficiou do facto de a médica de família ter apetência para ginecologia e obstetrícia e de o hospital ter dificuldades em responder aos pedidos de aborto. Em Novembro, arranca outra experiência com os médicos de família do Vale do Sousa, em Penafiel.
Fonte JN

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