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segunda-feira, novembro 05, 2007

Natalidade: Renovação das gerações não está garantida

Faltam 165 bebés por dia


Os casais portugueses precisam de fazer mais 165 bebés por dia para garantirem a renovação de gerações, mantendo-se os actuais dez milhões de habitantes do País. Isto significa aumentar a média de filhos por mulher de 1,3 para 2,4 – valor considerado mínimo aceitável para a reposição da população.

Portugal é um dos países da Europa com uma das mais baixas taxas de natalidade e um dos maiores índices de envelhecimento do Mundo, à beira de atingir apenas os cem mil nascimentos por ano, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística.

Para repor a população e acabar com o buraco demográfico, que neste momento é de um milhão de crianças e jovens, é necessário que nasçam mais 60 mil bebés por ano, o que dá uma média diária de 165.

“Sem pelo menos dois filhos por mulher a solidariedade geracional e a sociedade de bem-estar social está definitivamente posta em causa”, disse ontem em Leiria o sociólogo e presidente da Federação Distrital do PS, João Paulo Pedrosa, defendendo uma “mudança total da organização da vida social, que não está feita a pensar nas famílias que têm filhos nem oferece condições que permitam aos casais terem mais crianças”.

Na opinião do sociólogo, essa mudança é “fundamental” e passa, por exemplo, pela conciliação dos horários familiares com os profissionais e pela instalação de creches e jardins-de-infância em novos loteamentos habitacionais.

As mulheres estão a retardar até aos 29 anos o nascimento do primeiro filho e têm apenas um, mas desejavam ter dois ou mais, de acordo com um inquérito do Eurostat. Em resultado do declínio da fecundidade e de um contínuo aumento da longevidade, verifica-se um crescente envelhecimento da população.

A manterem-se as actuais taxas de natalidade, em 40 anos a população portuguesa diminuirá para oito milhões de habitantes, um terço dos quais com mais de 65 anos. Enquanto hoje ainda há um jovem até aos 18 anos por cada pessoa com mais de 65, daqui a 40 anos essa relação será de três idosos por cada jovem.

CEM MILHÕES PARA FAMÍLIAS

Os incentivos à família e à natalidade anunciados pelo Governo em Julho – atribuição de subsídios às grávidas e reforço dos abonos de família – entram em vigor em Outubro, representando um custo de cem milhões de euros. O diploma que consagra os apoios financeiros foi publicado ontem em Diário da República e já abrange as grávidas que este mês completam a 12.ª semana de gestação. Este apoio adicional tem a duração de seis meses e o montante é igual ao abono de família para crianças nos primeiros 12 meses de vida. Consagrados ficam também apoios para segundos e terceiros filhos. O Executivo promete ainda reforçar a rede de equipamentos sociais para a primeira infância, atingindo em 2009 uma taxa de cobertura de 33 por cento. Em vários concelhos, as câmaras estão a atribuir apoios financeiros pelos bebés lá nascidos, por exemplo em Murça (750 euros), Vimioso (500), Mora (500 para o primeiro filho, mil para o segundo e 1500 euros para o terceiro), Carrazeda de Ansiães (7500 euros ao terceiro filho) e Manteigas (500, 750 e 1000). Também há apoios nas freguesias de Arroios (250), Provezendo (250) e Landim, (250), entre outras.

CONFERÊNCIAS PARA FACILITAR VIDA DOS PAIS

O distrito de Leiria contrariou, em 2006, a tendência nacional de quebra demográfica, registando um crescimento de dois por cento. A nível nacional, as maiores descidas ocorreram no Interior, Coimbra e Viana do Castelo. Preocupados com a situação, os responsáveis da Federação Distrital de Leiria do PS organizaram um ciclo de 20 conferências, a realizar em todos os concelhos, com o tema ‘Portugal precisa de mais bebés. Como ajudar as famílias a tratar deles?’. No final será aprovada uma carta de compromisso para os autarcas e será entregue ao Governo um conjunto de recomendações para melhorar a vida das famílias com filhos. A primeira conferência é amanhã à noite, no Cine-Teatro de Porto de Mós, com a presença da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues.

SAIBA MAIS

288

Bebés nasceram por dia, em 2006, filhos de mães residentes em Portugal, o que deu um total de 105 351 nados-vivos. Por cada cem do sexo feminino nasceram 107 do sexo masculino.



CIDADES

A quebra demográfica é mais acentuada em 20 das principais cidades, capitais de regiões autónomas e de distritos, com destaque para Lisboa e Porto.

CRESCIMENTO

No período de 1987 a 2006, a evolução da população residente em Portugal foi fortemente influenciada pela componente migratória.

DIMINUIÇÃO

Os últimos 20 anos caracterizaram-se pelo decréscimo da taxa de natalidade: de 12,2 por cento em 1987 para 10,0 por cento no ano passado.

Fonte: Correio da Manhã

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