Os Nossos Amigos

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Testemunho do parto da mamã Susana

No dia 14 de Outubro, pelas 8h da manhã estava eu na caminha quando tive uma vontade imensa de fazer chichi, lá me levantei e quando me limpei verifiquei a saida do rolhão mucoso, todinho!
Nada de stress, afinal da saida do rolhão mucoso ao parto pode passar 1 hora ou 15 dias e lá vou eu para a cozinha, encher o bandulho, porque a
Leonor não era gorda à toa.
Ainda vim ao pc escrever um post a anunciar a saida do rolhão...
Senti-me muito preguiçosa, coisa pouco habitual devida a ter uma hemoglubina excelente, e fui para a caminha mais um bocadinho, afinal era Domingo e sabe muito bem deitar e aconchegar no maridão que continuava no 15º ronco.
Ás 11h o marido foi tomar o café da praxe lá fora e comprar o pão e o jornal e eu fui fazer mais uma buxa, enquanto falava com a mana Susana (mãe do Gui) ao telemóvel acerca da saida do rolhão etc etc etc.
Voltei para a caminha porque ainda me sentia cansadita.
Andava perto do meio dia, quando, deitadinha na caminha com o maridinho a estranhar a minha atitude de preguiça, sinto uma dor no fundo da barriga muito estranha, tipo uma cólica e era cólica mesmo, toca a ir esvaziar a tripa.
Passado muito pouco tempo, ainda na caminha, sinto uma vontade enorme de fazer chichi outra vez... lá vou eu arrastada para a casa de banho, faço chichi, limpo e quando me levanto, sinto um liquido quente a correr por entre as pernas, "queres ver que já nem me sinto, fiz chichi pelas pernas abaixo!" penso eu muito indignada.
O pior é que o "chichi" não parava de correr e num segundo de iluminação lembro-me e digo para o marido "acho que me rebentaram as àguas...", ele salta de um pulo da cama e fica em estado de choque, "o que já?", afinal ainda só tinha 37 semanas...

Lá fomos os dois tomar uma banhoca rápida e seguimos para a maternidade, eu com um penso higiénico extra large e uma toalha de banho no assento, porque a àgua não parava de sair e o marido muito nervoso, mais do que eu... a conduzir à maluca, tive que lhe mandar um berro e dizer " A Leonor não vai sair a correr no meio do caminho, tem calma que eu não tenho contracções."
Por volta das 13h15m estava à porta das urgências da maternidade a correr porque tinha as calças todas molhadas e a àgua continuava a sair em jorros.
Chegada ao guiché, onde estava uma senhora muito simpática a conversar e a fazer de conta que não me via, resmunguei, "desculpe mas estou em trabalho de parto, rebentou-me a bolsa de água", e ela sorriu e começou a tratar da ficha.
A enfermeira veio, chamou a médica, que examinou e disse, "só tem 2 dedos de dilatação", e entretanto sai mais um jorro de àgua, ela sorri e diz "eu já tinha tomado banho hoje", molhou o bracinho todo, lol.
Bem a decisão estava tomada, como as águas tinham rebentado, não havia outra hipótese, ficar internada... o marido muito nervoso como sempre e eu muito calma e bem disposta, seguimos para o internamento, despi a roupa, vesti uma bata daquelas que já conhecemos com a abertura atrás e uns fios pirosos para apertar e lá fui para o quarto com mais uma senhora, onde correram a cortina, me puseram a soro e ali fiquei...
O marido chegou pouco tempo depois mais calmo, com uma bata, parecia um Doutor heheehehhe.
Perdi a noção das horas, sei que a enfermeira veio fazer uma maldade porque a dilatação ainda estava atrazadissima, enfiou para lá os dedos e tive umas dores horrorosas... o marido apertou a mão e deu apoio, mas ficou nervoso por me ver sofrer, era o único marido que lá estava, continuei com contracções mas sem dores...

Por volta das 19h fiz 4 dedos de dilatação e passei, a pé, e que bem me soube, por mim tinha estado sempre de pé, para o bloco de partos.
Tenho que referir que a maternidade nesse dia estava cheinha de grávidas a ter os bebés, porque foi mudança de Lua.
Bem deitei-me lá no bloco e pensei na epidural, maldita hora, a anastesista era uma bronca, puseram o marido fora do quarto, fartou-se de refilar que eu estava mal sentada, que não era assim, que não sei que, e quando me picou, até vi estrelas, chorei e disse que não queria epidural nenhuma, e não quis.
Deram-me analgesicos no soro, mas fiquei cá com umas dores no sitio da picada...
Já a noite ia alta, e eu só tinha 6 dedos de dilatação, começaram as contracções dolorosas, deram-me sei lá o quê que me deixou toda drogada ( a sensação foi optima), mas com dores na mesma, perguntaram-me se estava melhor, e eu respondi "foi como o melhoral nem fez bem, nem fez mal", elas riram-se .
Veio uma médica por volta das 22h30 convencer-me a tentar novamente a epidural, para o bem da bebé porque as drogas não eram boas para ela, desta vez com outra médica.
Abençoada anastesista era uma simpatia, paciente e querida, deixou-me estar deitada na posição fetal, apertei a mão da enfermeira e pimba num minuto ficou feito e não doeu nada (tb estava toda drogada...) eram 22h50.
As dores abrandaram, mas por volta das 3h30 ou 4h já nem sei, começaram outra vez umas dores horrorosas, não conseguia aguentar parecia que ia explodir de dores, doia tanto, vieram examinar e disseram que já tinha a dilatação completa., nesta altura estava insuportável , contorcia-me de dores na cama e o marido disse "então? portaste-te tão bem até aqui..." apenas respondi "estou cheia de dores...". Ele pensou que com o meu mau feitio o ia insultar.

Apareceu logo a equipa, mas sem médico nenhum, devido às minhas queixas chamaram a anastesista que me deu outra dose, mas já veio tarde, as dores eram insuportáveis e mandaram-me fazer força às 4h10m, mas primeiro deitaram lá para dentro um gel e cortaram-me, coisa que senti, mas no meio de tantas dores, não era nada.
Fiz força 4 vezes, nem a cabeceira da cama me elevaram, tive que me agarrar à cama e elevar-me sozinha, a Leonor nasceu sem grande dificuldade às 4h18 da manhã, não me lembro de a ouvir chorar ou seja o que fôr porque entrei num estado de leveza incrivel, parecia que estava a planar, colocaram-na na minha barriga e perguntaram se queria cortar o cordão, "o pai corta", respondi, e cortou, todo feliz, "é uma menina muito bonita pais, parabéns, e a mãe portou-se muito bem"... como se eu acreditasse nisso, mas 8 minutos para dar à luz, achei rápido.
Enquanto a placenta saia, o pai vestiu a filhota, indice de apgar 9 ao 1.º minuto e 10 ao 5.º., não precisou de ser aspirada as aulas de preparação para o parto ajudaram.
Depois decidiram cozer-me, maldita hora, a epidural ainda não tinha feito efeito, e senti tudinho, a Leonor estava deitadinha debaixo do aquecedor a olhar em redor, o pai estava ao meu lado a dar apoio moral, e as senhoras parteiras a cozer a sangue frio, no meio da minha refilice e da delas porque eu dizia que estava a sentir tudo, e elas respondiam que não podia sentir porque tinha levado epidural. Depois de tanto reclamar houve uma iluminada que me quis deixar ficar mal e me deita um spray gelado e me pergunta, "sente o que ora diga lá", ao que respondo, isso é gelado e arde... calou-se!
Lá acabei por soltar duas asneiras e calei-me olhando para o marido de mão dada comigo e repetindo "lembra-me o que sofri hoje, não quero passar por isto outra vez, não queremos mais filhos pois não?" aguentei a catarfada de pontos sem tugir mais mas revoltada por dentro porque nem uma anastesia local me deram.

Depois começou o tormento do chichi, tinha a bexiga cheissima mas não conseguia urinar, colocaram-me um tubo e a arrastadeira por 2 vezes até que tiveram de me algaliar.
Finalmente a minha filha veio aconchegar-se no meu colo e mamar, olhei para ela e o gelo derreteu... a Leonor é tão linda, disse para o marido, que sorriu.
Finalmente era por volta das 6h20 da madrugada quando subi para os quartos, o pai regressou a casa, cansado de uma noite privado de sono.
Foi um parto de 15 horas, cansativo, doloroso no fim, mas que valeu a pena, hoje quando olho a minha bebé penso que não podia ser fácil porque lhe dou muito carinho, amor, atenção, dedicação e não consigo estar longe dela, nem ela de mim, o colinho do pai é bom, mas o da mãe é insubstituivel, a minha filha adora o colinho é miminho da mãe, um parto assim, só me fez amar ainda mais a minha filha porque me custou muito e digo muitas vezes ao pai dela "sou mãe galinha porque me custou muito a tê-la".
Fica o relato de mais um parto, há piores e melhores... enfim

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