O rastreio ao cancro do colo do útero está prestes a arrancar nas regiões do Norte, Alentejo e Centro, revelou à Lusa a Alta Comissária da Saúde.
A medida preventiva consiste na realização de uma colpocitologia, um exame às células recolhidas nos esfregaços que são obtidos da vagina e do colo do útero através de exame ginecológico (Papanicolau).
As colpocitologias serão realizadas às mulheres com idades entre os 30 e os 60 anos.
De acordo com Maria do Céu Machado, a região Norte está prestes a avançar com o rastreio a este carcinoma, seguindo-se a do Alentejo e a do Centro, sendo que esta última já tem um rastreio organizado.
Até ao final do ano deverá igualmente avançar o rastreio na região Sul, que abrange as zonas de Lisboa e Vale do Tejo.
De acordo com a presidente da Sociedade Portuguesa de Citologia (SPC), Helena Oliveira, serão realizadas na região Sul 4.229.664 colpocitologias, em 15 anos.
Os protocolos estabelecidos defendem que a colpocitologia seja feita de cinco em cinco anos nos centros de saúde que entretanto sejam identificados para tal.
Os exames que revelarem células de significado indeterminado serão objecto de estudo do Vírus do Papiloma Humano (HPV), uma das principais causas do cancro do colo do útero, que mata 300 mulheres por ano em Portugal.
O presidente da Sociedade Portuguesa de Papilomavirus (SPPV), Rui Medeiros, realçou à Lusa as vantagens deste rastreio.
«No processo de acção do vírus do papiloma humano (HPV) sobre o colo uterino, sabemos que existe um processo evolutivo com a progressiva transformação dos tecidos até ao que geralmente chamamos cancro.
Estas lesões intermédias, ou pré-neoplásicas, ao serem detectadas com a metodologia de rastreio dão-nos a oportunidade de interferir no processo natural e evitando que haja evolução para cancro», disse.
Para Rui Medeiros, que coordena o Grupo de Oncologia Molecular e Virologia do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, o exame Papanicolau - através do qual são recolhidas as células que serão posteriormente analisadas (citologia) - é uma importante arma no combate a este cancro.
«A sua invenção e utilização como teste de rastreio tem demonstrado grande eficácia na redução da incidência do cancro do colo do útero em diversos países do mundo inteiro», disse.
No entanto, o especialista ressalva que «um dos problemas deste teste é a sua baixa sensibilidade, ou seja, não existe nenhuma garantia de quando é negativo não exista nenhuma lesão ou cancro».
«Temos hoje em dia alternativas muito mais sensíveis que permitem e com um baixo investimento em tecnologia e laboratórios fazer o rastreio rapidamente a todas as mulheres em Portugal», frisou.
Diário Digital / Lusa
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