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quinta-feira, novembro 20, 2008

Nova técnica lusa preserva células do cordão umbilical


Investigadores portugueses descobriram os meios para preservar pela primeira vez células estaminais do cordão umbilical, um avanço que permite aplicações terapêuticas mais vastas e complementares do que as já oferecidas pelas células do sangue do cordão.


O objectivo é que esta tecnologia, desenvolvida pela empresa de biotecnologia ECBio, com sede em Oeiras, venha a ser licenciada em Portugal e noutros países a empresas que já fazem criopreservação das células do sangue do cordão umbilical.

«Trata-se de uma novidade a nível mundial», disse hoje à Lusa Pedro Cruz, investigador, director e administrador da ECBio. «Há várias empresas a trabalhar no isolamento das células estaminais do cordão, mas ainda nenhuma está a oferecer esse serviço no mercado».

Embora o processo de isolamento seja inovador, o método de congelamento utilizado é semelhante ao das células do sangue do cordão e das células isoladas de outros tecidos» - acrescentou.

Estas células, chamadas mesenquimatosas, são diferentes das do sangue, ou hematopoiéticas, cujas aplicações terapêuticas se limitam a regenerar tecido sanguíneo, e abrem um novo leque de aplicações em medicina de regeneração, de acordo com o investigador.

As células estaminais mesenquimatosas servem de suporte aos tecidos e permitem por isso a recuperação dos vários órgãos.

São uma fonte não invasiva de células estaminais, como as do sangue do cordão, mas têm sobre estas a vantagem de serem em número superior e poderem ser usadas para regenerar outros tipos de tecido, como o ósseo, a cartilagem e o músculo, e em várias doenças, desde as cardiovasculares, vasculares periféricas e do sistema nervoso central, às doenças traumáticas e degenerativas e à diabetes.

«Estamos a trabalhar com hospitais, clínicas e outras instituições de investigação no sentido de desenvolver e demonstrar cientificamente essas aplicações, que são complementares das conhecidas para as células do sangue, que as pessoas já conhecem, mas a solução é a mesma, ou seja, a regeneração de tecido», disse Pedro Cruz.

«A administração conjunta dos dois tipos de células irá ajuda a aumentar a eficácia e a segurança desses processos», sublinhou o investigador, para quem uma das prioridades é «estabelecer o mais rapidamente possível as condições e chegar, com resultados clínicos, à confirmação dos benefícios» deste novo desenvolvimento.

A investigação durou três anos e a patente em Portugal foi obtida com base num contrato estabelecido entre a ECBio, que desenvolveu a tecnologia e as terapias, e a Cytothera, uma das empresas que já fazem criopreservação do sangue do cordão umbilical e que agora poderá oferecer os dois tipos de serviços.

Entretanto está a ser desenvolvido o processo de obtenção de patentes a nível mundial, tendo Pedro Cruz referido que a sua empresa está trabalhar com várias entidades para validar o processo e a qualidade das células obtidas - nomeadamente com hospitais na Alemanha, Itália e Dinamarca - e a negociar um acordo com o Instituto Karolinska de Estocolmo, que irá já em princípio realizar localmente a criopreservação, o processamento e a administração destas células em pacientes.

Diário Digital / Lusa

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