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segunda-feira, abril 27, 2009

Está grávida? Examine o seu médico





Defensor da medicalização do parto, apologista da natureza ao comando das operações, zen, stressado, maníaco do controle: que tipo de médico é o seu? Teste-o. As respostas ‘correctas’ foram inspiradas nas recomendações da Organização Mundial de Saúde.


1) Qual a sua posição relativamente à questão ‘cesariana vs parto normal’?
a) O parto normal é o melhor, tanto para a mãe, como para o bebé, mas os imprevistos acontecem. Por isso, só no momento do parto é que se pode saber qual a melhor forma de assistir o nascimento.
b) A cesariana é, hoje, uma cirurgia muito segura. Além disso, é prática, rápida e indolor. A recuperação é rápida. Em quaisquer dois meses, a mãe pode voltar à vida normal.
c) Os bebés sempre nasceram de parto normal, é certo, mas na sua idade [ou com a estrutura óssea], a cesariana é mais adequada…
d) O parto normal é o mais indicado para a esmagadora maioria das mulheres (90 por cento). Vamos preparar-nos para que também o seja para si. A cesariana é uma intervenção muito útil, mas só deve ser considerada em casos de verdadeira necessidade. Não nos esqueçamos de que se trata de uma grande cirurgia.

2) Quais as intervenções que considera essenciais no parto?
a) Administração de soro com ocitocina (medicamento para acelerar as contracções uterinas), episiotomia (corte no períneo) em todas as situações, rompimento da bolsa aos cinco centímetros e monitorização fetal constante.
b) Por norma não intervenho. A não ser que seja realmente necessário. O parto é um acto normal e fisiológico. A maior parte das mulheres não necessita de procedimentos médicos para dar à luz. Precisa de respeito, calma e serenidade.
c) A epidural. A dor não serve para nada, só atrapalha. Quanto às outras intervenções (ocitocina, episiotomia), não as aplico indiscriminadamente. Depende de mulher para mulher.
d) A episiotomia. Evita as rasgaduras durante o nascimento. Além disso, previne outras consequências como a incontinência urinária.

3) Qual a melhor posição para dar à luz? Posso colocar-me de cócoras?
a) Parto de cócoras? Isso era antigamente. Hoje em dia, não há necessidade de adoptar esse tipo de postura. O parto é um acto totalmente controlado pelos médicos. A mulher só tem de se colocar nas mãos dos técnicos e confiar na medicina.
b) Semi-reclinada. Elevar um pouco as costas facilita a descida do bebé.
c) Não há posturas ideais para dar à luz. A grávida deve colocar-se na posição que considerar mais confortável. Procuro apenas não incentivar a posição horizontal, uma vez que as posturas verticais tornam o parto mais fácil e mais rápido, por terem a gravidade a seu favor.
d) Deitada, claro. Já viu alguém ter um filho de outra forma?

4) E se eu quiser recusar algum dos procedimentos?
a) A mulher é dona do seu parto. Deve ser capaz de decidir o que é melhor para si e para o seu bebé, depois de devidamente informada. Explico sempre as razões de determinada intervenção. Vantagens e desvantagens. Mas a palavra final é sempre da mulher.
b) Não costumo falar dos procedimentos que aplico. Sou médico e estou habilitado a tomar decisões pelos meus doentes. Faço-o em nome da segurança da mãe e do bebé.
c) Chamo um colega. Não me responsabilizo pelo que poderá acontecer consigo e com o seu bebé.
d) Deve assinar um termo de responsabilidade.

5) Na sua opinião, qual o limite máximo para um bebé estar dentro da barriga da mãe? Que fazer nos casos em que a gravidez ‘passa do tempo’?
a) 40 semanas. Depois opto quase sempre pela cesariana. Nem tento induzir o parto com medicação. É mais rápido e seguro desta forma.
b) Uma gravidez normal dura 38 a 42 semanas. Até às 41 semanas, normalmente não há qualquer problema com o bebé. A partir desta data, proponho uma vigilância mais apertada da gestação. Se o bebé estiver bem, não faço nada, espero. Só proponho a indução do parto depois das 42 semanas.
c) 40 semanas. Depois recomendo a indução do trabalho de parto.
d) 41 semanas. A partir daí, interno a grávida e induzo o parto com ocitocina. É o procedimento mais comum em todos os hospitais.

6) Costuma debater os procedimentos clínicos com as suas grávidas? Pede-lhes permissão para realizar alguns deles?
a) Como assim, pedir permissão? Sei o que faço, estou treinado para lidar com grávidas e bebés. Se quisesse falar de todos os aspectos ligados à gravidez e ao parto com as minhas pacientes não fazia mais nada
b) Só peço autorização quando considero que a intervenção vai provocar alguma dor.
c) O corpo é seu, o parto é seu. Não faço um exame vaginal sequer sem pôr a grávida ao corrente do assunto e sem lhe perguntar se ela não se importa. A minha obrigação é fazer o melhor pela mãe e pelo bebé, mas sem me substituir à grávida.
d) Depende. Depois de 24 horas seguidas no serviço de urgência nenhum técnico tem muita paciência e disponibilidade para dar informações e debater intervenções clínicas.

7) Qual é a sua taxa de cesarianas?
a) Se quer que lhe diga, não sei… Não contabilizo. Se é um valor alto? Acho que não. Hoje em dia muitas mulheres querem ter os filhos desta forma. E já chegam ao meu consultório com essa ideia formada. Vou apenas ao encontro dos seus desejos. É esse o meu papel.
b) Não é muito alta. Entre 40 a 45 por cento.
c) Vinte por cento. Nos partos normais.
d) Ronda os 25 por cento do total de partos, um número que considero elevado. O meu objectivo é reduzi-lo para 15 por cento, tal como recomendado pela Organização Mundial de Saúde.

8) Gostava que o meu marido e uma doula estivessem presentes no parto. Concorda com a presença deles?
a) O mais importante é que se sinta segura e acompanhada. Leve quem quiser. Não tenho nada a objectar.
b) Talvez seja gente a mais, não acha?...
c) Só o marido poderá estar presente.
d) Muitas vezes, os acompanhantes interferem com as equipas médicas. Questionam os técnicos e deixam a mulher insegura. E a minha principal preocupação é para com a grávida.

9) Parto vaginal depois de uma cesariana. O que pensa?
a) Não concordo. O risco de ruptura uterina é considerável. Para mim, depois de uma cesariana, sempre cesariana.
b) É possível, mas só com fórceps, para que o período expulsivo não seja demasiado longo.
c) Apoio essa opção, desde que o parto não leve mais de quatro horas. Caso contrário, terei de efectuar uma cesariana.
d) É uma escolha perfeitamente válida. Não há nenhum motivo para que essa opção não possa, pelo menos, ser considerada.

10) Qual a sua posição em relação ao parto domiciliário em gravidezes de baixo risco?
a) O local do parto pode e deve ser escolhido por si e pelo seu marido, desde que acompanhados por um profissional credenciado e experiente. Em relação ao parto em casa, aconselho, sobretudo, que se certifique de que há um hospital por perto. Apesar de raramente surgirem complicações, pode ser necessário deslocar-se a uma unidade de saúde.
b) Não me oponho, mas não assisto partos domiciliários. Posso, no entanto, indicar-lhe um colega experiente nessa matéria.
c) Sou absolutamente contra. Considero que o parto em casa acarreta riscos sérios e que nenhuma mãe deveria pôr em causa, desta forma, a sua saúde e a do seu bebé.
d) Os bebés nascem em qualquer lugar, mas não podemos negar que há riscos acrescidos no nascimento domiciliário. Não estará a idealizar demasiado o seu parto?...

11) Curso de preparação para o parto. Sim ou não?
a) Sim. Não necessariamente para aprender técnicas de respiração e dicas para controlar a dor, mas para descobrir os aspectos positivos do parto. É também um bom local para conhecer outras grávidas e desvendar alguns dos mistérios da amamentação.
b) Não. Hoje em dia praticamente todas as mulheres levam epidural no parto. Assim sendo, para quê fazer um curso desses?
c) Sim, é uma forma de conhecer as rotinas hospitalares e de saber como deverá comportar-se no momento do parto.
d) A escolha é sua.

12) Quantas ecografias se devem realizar durante a gravidez?
a) Tenho um aparelho no meu consultório, por isso podemos fazer um exame em todas as consultas.
b) Pelo menos quatro.
c) Uma em cada trimestre. Mas não fique muito ansiosa com as ecografias. Elas não detectam todo o tipo de problemas e não devem ser consideradas infalíveis. Avaliam apenas um conjunto de sinais que podem indicar ou não a existência de uma situação anormal.
d) Aquelas que o Serviço Nacional de Saúde comparticipar.



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