Amadurecer e se transformar em mulher é destino natural de todas as meninas. A mudança implica alterações físicas e psicológicas preparadoras para a condição de mãe. Porém, o desenvolvimento natural pode se deparar com incômodos, a exemplo da síndrome dos ovários policísticos (SOP).
Trata-se de um estado de falta de ovulação crônica associado à produção excessiva de androgênios - hormônios masculinos - pelo ovário da mulher afetada.
Nessa síndrome, aumenta também a produção de estrona - hormônio feminino de fraca intensidade - pelo tecido adiposo, pele e músculos", descreve o ginecologista Alberto Borges Peixoto.
Essas e outras desordens hormonais podem dar origem a múltiplos pequenos cistos na periferia do ovário. Segundo Peixoto, a SOP pode afetar de 6% a 10% das mulheres na idade reprodutiva - período compreendido entre a primeira menstruação até a menopausa -, sendo mais freqüente entre as obesas e portadoras de resistência insulínica.
Irregularidade menstrual, caracterizada por ciclos menstruais com intervalos alongados, às vezes com ausência de menstruação por períodos que podem ser superiores a 90 dias, menorragia - aumento do volume menstrual -, obesidade e sinais de excesso de hormônios masculinos, como o aumento de pêlos, pele oleosa, acne, queda de cabelo, compõem o quadro clínico clássico.
"Em 20% a 30% dos casos ocorre infertilidade, devido à ausência de ovulação.
Além desses sinais e sintomas, podem surgir múltiplos microcis-tos na superfície ovariana", identifica Peixoto.
No entanto, consenso mundial firmado em 2003, na cidade de Roterdã, na Holanda, estabeleceu como sintomas mínimos da SOP: irregularidade menstrual com ciclos alongados, sinais de hiperandrogenismo (excesso de hormônios masculinos) e ovários multipolicísticos ao exame de ultrasonografia.
As causas. Elas podem ser múltiplas, como defeito na ação da insulina sobre as células, que é a resistência insulínica, excesso na produção de insulina pelo pâncreas ou defeitos na função da glândula supra-renal.
"Essas alterações levam a um quadro de ausência de ovulação e desordem na produção de hormônios ovarianos, provocando aumento na produção de hormônios masculinos pelo ovário". Se não tratada, a síndrome pode levar à infertilidade e acentuar o risco de doenças cardiovasculares e diabetes, além de câncer de endométrio.
Tratamento. Perder peso com dieta e exercícios físicos é um primeiro passo para o tratamento, que, iniciado precocemente, permite bom controle dos sinais e da SOP e diminui a chance de complicações da doença. Já o uso de medicamentos é individualizado.
"Entre os medicamentos mais utilizados, destacam-se os anticoncepcionais orais, a progesterona e a metformina, utilizada em pacientes com resistência insulínica. Essas são drogas que diminuem o excesso de hormônios masculinos e indutores de ovulação - para as pacientes que desejam engravidar -", completa.
*Quistos
Por Amanda Mont’Alvão
In JMOnline
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