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segunda-feira, março 31, 2008

Endometriose

Trata-se da doença benigna mais frequente em ginecologia e um dos seus maiores mistérios. Define-se pela presença de endométrio fora da cavidade uterina.

O que é

A endometriose define-se pela presença de endométrio fora da cavidade uterina. A cavidade uterina é revestida por uma camada chamada endométrio. Esta camada sofre alterações cíclicas sob a acção das hormonas sexuais produzidas pelos ovários (estrogénios e progesterona). Primeiro prolifera, depois sofre um processo de maturação glandular e, se não ocorre gravidez, o endométrio sofre a descamação, originando as perdas menstruais. O endométrio, se estiver localizado fora da cavidade uterina, sofre as mesmas alterações atrás referidas, originando uma intensa reacção inflamatória dos tecidos circunjacentes.

Quais as causas

Esta é a principal questão enigmática da endometriose. Até hoje desconhece-se a causa desta patologia. Existem várias teorias apontadas - refluxo menstrual, reacção imunológica anormal, migração do endométrio para a cavidade abdominal e actividade celular anormal do endométrio. Nenhuma destas teorias está consistentemente demonstrada.

O que se sabe é que o endométrio pode ter múltiplas localizações - no músculo uterino, na superfície do útero, nas trompas, nos ovários, na cavidade pélvica (sobretudo no fundo de saco posterior do útero) e, menos frequentemente, nos intestinos, na parede do abdómen e nos pulmões.

Quais os sintomas

Dores abdominais e pélvicas intensas, habitualmente mais acentuadas durante as perdas menstruais. Estes são os sintomas mais característicos da endometriose.

Raramente, pode dar sintomas bizarros de acordo com a sua localização; por exemplo, emissão de expectoração com sangue durante a menstruação. Ocasionalmente pode associar-se com mal-estar geral, algias musculares generalizadas, dores de cabeça, náuseas e vómitos.

Como se diagnostica

A sintomatologia dolorosa menstrual persistente, mesmo com o tratamento mais específico (pílulas e anti-inflamatórios) leva-nos à sua suspeita. O diagnóstico definitivo estabelece-se com laparoscopia e biopsia das lesões observadas.

Como se desenvolve

A endometriose possui um comportamento evolutivo. As lesões de endometriose inicialmente originam uma reacção inflamatória nos tecidos próximos das lesões. Esta inflamação, se persistente, origina fibrose e posteriormente aderências. Estas, quando atingem as trompas, podem limitar a sua mobilidade e, por outro lado, podem obstruir as trompas interferindo assim com a fertilidade da mulher.

Quando as lesões estão localizadas nos ovários originam formações quísticas com hemorragia no seu interior. O sangue coagulado torna-se acastanhado originando os chamados quistos chocolate. Estas formações quísticas vão limitando a capacidade funcional dos ovários.

As aderências podem atingir a cavidade pélvica levando a oclusão do fundo de saco posterior e inclusivamente à fixação da bexiga e do intestino nos órgãos genitais internos (útero, trompas e ovários).

Formas de tratamento

O tratamento cirúrgico tem um papel muito importante na endometriose. Limita as lesões quísticas ou mesmo as lesões uterinas, liberta as aderências e pode permitir a destruição das lesões pontuais de endometriose. A laparoscopia e a aplicação do laser em ginecologia vieram revolucionar o tratamento cirúrgico da endometriose.

Esta doença assume alguma preocupação quando se associa com infertilidade, pois as lesões de endometriose extensas do útero e dos ovários podem levar à necessidade de atitudes cirúrgicas mais radicais que limitam definitivamente a capacidade reprodutiva da mulher.

Formas de prevenção

Não existem atitudes preventivas em relação à doença. Existem sim atitudes preventivas em relação à sintomatologia dolorosa que esta doença origina. A utilização de contraceptivos orais em toma contínua constitui uma medida específica para o alívio da sensação dolorosa.

Na presença de quistos ou de massas endometrióticas uterinas a utilização de agonistas das gonadotrofinas pode limitar o volume das massas e prepará-las para uma intervenção cirúrgica.

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