Os Nossos Amigos

domingo, março 01, 2009

Testemunho do parto da Concha

O dia 25 de Fevereiro de 2008 amanheceu sem que nada indicasse que viria a ser um dia diferente dos outros.

Apesar de ter passado a noite e de ter acordado com contracções, elas não eram de todo dolorosas pelo que não me impediram de me despachar como é hábito nos dias de escola e, como já tínhamos tido um falso alarme, não lhes atribui grande importância. Chamei as crianças, organizei roupas a vestir e desci para a cozinha. Estava a acabar de arranjar os pequenos almoços dos miúdos quando, para grande surpresa minha, rebentaram as águas. Avisei o pai que tínhamos de ir para a maternidade e telefonei aos meus pais para lhes dar a mesma novidade e para eles virem dar uma mãozinha com os miúdos.

As contracções estavam a vir a cada 2 minutos e o pai insistia para que se chamasse uma ambulância. Eu não tinha vontade nenhuma de fazer uma viagem de ambulância mas com tanta insistência do pai e dos avós acabei por me convencer que seria a decisão mais sensata. O pai chamou a ambulância enquanto eu explicava aos miúdos que ia para a maternidade para ter a mana deles.

A ambulância foi rápida a chegar, mãe na ambulância, filhos à porta a dizerem adeus e pai no carro para seguir atrás. Uma vez já dentro da ambulância, a caminho do hospital, as contracções tornaram-se dolorosas e comecei a sentir uma vontade enorme de fazer força para puxar. Avisei a bombeira que ia a acompanhar-me que de imediato me examinou e me pediu para aguentar e não fazer força enquanto falava com os colegas. Neste momento mal os ouvia, estava tão perdida no meu pensamento que, contrariamente ao meu corpo, me dizia para não fazer força, que tinha de esperar até chegar ao hospital. Não tenha noção de quanto tempo passou mas naquele momento tive noção de que a minha filha não iria tardar a nascer, que não ia esperar por estar no hospital e nesse momento virei-me para a bombeira e lhe disse que a minha filha ia nascer ali, naquele exacto momento. Ainda me lembro tão bem da expressão de "isto não pode estar a acontecer" na cara da bombeira... Não estava a conseguir não fazer força e foi ai que encostaram a ambulância à berma da estrada. Ao fim de 3 ou 4 puxões com força, nasce a minha bebé que depressa se fez ouvir.
Depois de confirmado que tudo estava bem com a bebé, retomámos o nosso caminho até ao hospital onde fomos assistidas.
Não sei colocar em palavras o que senti ao ouvir e ver a Concha pela primeira vez e o alivio que senti por tudo ter corrido bem com a Concha e comigo e, ao mesmo tempo, o aperto no coração que me acompanhou o resto do caminho até ao hospital na ansia de ter a confirmação médica de que estava tudo bem com a bebé.
Foi num abrir e fechar de olhos que tudo aconteceu. Nunca, em momento algum, imaginei que viesse a ter a minha filha numa ambulância a caminho do hospital e sei que fomos verdadeiramente abençoadas por termos apanhado uns bombeiros com alguma experiência e que não se atrapalharam com a rapidez com que a Concha chegou ao mundo.

Foi assim que, há um ano atrás, nasceu a nossa Concha.

Maria (uma familia como tantas outras)

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