Os Nossos Amigos

quarta-feira, outubro 17, 2007

Testemunho de amamentação da Carla (Vida a 4)

Aqui vai o meu testemunho, é comprido.... entendo se não o quiseres publicar, não tem nada a ver com o que se tem dito aqui.

Tenho duas meninas. Foram 2 partos normais. Uma nasceu às 38 semanas, com 2885 e 49 cm, a outra foi provocada às 41 semanas e nasceu com 3672 e 52 cm. De uma amamentei no recobro, da outra amamentei ainda na sala de partos. De uma deixei de ter leite, para vir em força 9 horas depois (bebeu 3 biberões no 1º dia), da outra nunca deixei de ter leite. De uma fiz uma mastite, da outra já estava preparada e uma bomba resolveu a situação. De uma doía-me horrores, da outra era suportável (nunca foi um prazer). Uma foi (ainda é) calona a mamar e não pegava bem, a outra sempre mamou bem. De uma usei bicos de silicone, da outra engolia em seco e aguentava as dores das gretas.
A mais velha mamou durante 1 semana e bebeu do meu leite até aos 2 meses (eu tirava com a bomba) altura em que secou por completa. Senti um alívio enorme. Ela começou a crescer (ao fim de 8 dias tinha 2660). Eu pude curti-la ao máximo. Não andava cansada e andava sempre bem-disposta, para além disso o pai participou muito mais. É muito saudável, é tão ou mais inteligente do que as crianças alimentadas em exclusivo com o leite materno e nunca em altura nenhuma lhe pus a vida em risco por não a amamentar e usar água esterilizada e biberões esterilizados (só deixei de o fazer aos 6 meses). Temos uma cumplicidade muito grande e embora, agora (3 anos) comece a ser a menina do papá, em momentos mais aflitos chama sempre pela mãe (infelizmente, quando é às 3 da manhã porque perdeu a chucha ou porque quer ir fazer chichi).
A mais nova mamou 1 mês até termos ficado as duas doentes. Tive de tomar antibiótico que não era compatível. Para além disso nessa altura já tinha o peito direito com uma greta que cabia um dedo e andava sempre cansada, exausta mesmo. A amamentação ficou por aí. Não conseguia (não tinha tempo) para estar a tirar leite (30 minutos) de 3 em 3 horas e depois dar de comer (30 minutos) de 3 em 3 horas. Tinha a mais velha (com 2 anos) a precisar de atenção. Foi uma altura muito complicada para o meu marido em termos profissionais, que estava muito ausente, infelizmente, para ele e para mim. Logo que comecei a dar-lhe biberão (já podia dividir tarefas) comecei a sentir-me melhor, mas por essa altura só se lia nas revistas que as mães que optavam por não amamentar eram más mães e que as crianças iriam ser burras e que só quem estava 24 horas por dia com a mama de fora para a criança é que era merecedor de respirar. Eu ainda não estava totalmente restabelecida e isto abalou-me muito, quem me conhece sabe.
Quem QUER e CONSEGUE, DEVE de amamentar, mas não façam disso um campo de batalha. Senão conseguirem as crianças vão-se criar na mesma, vão ser felizes, vai haver cumplicidade entre mãe e filho. Custa-me ver a maneira como as mães que não amamentam são "vistas". As explicações que se têm de dar, etc.
É triste querer e não conseguir, mas maior tristeza é não dar amor a um filho e isso, seja com uma mama, com um biberão ou com uma colher é só QUERER. As minhas filhas são muito amadas. Se tiver mais algum filho, irei amamentá-lo até conseguir, até ser possível para mim enquanto pessoa. Se eu não estiver bem, os meus filhos também não vão estar.
Boa sorte a todas.
Carla - Vida a 4.

Mais uma vez, os meus parabéns pelo excelente trabalho feito aqui.


Carla, tentaste, deste o teu melhor. Ninguém é melhor mãe ou pior por não o conseguir fazer. Apesar de não ser um "caso de sucesso", é o que acontece a muitas mães, pelos diversos motivos que possam surgir, como sabemos, não são poucos. A tua experiência pode ajudar quem cá passa, a meu ver. Nem tudo são rosas, como se diz.
As maiores felicidades para a tua família.

3 comentários:

Mamã disse...

Oi!Só para dizer que já voltamos á blogosfera!

Bjs,

Mamã Babada e Pequena Estrela

rita disse...

Haja alguem com a mesma opinião que eu!!!!

Parabéns Carla

Rita&Tiago

Anónimo disse...

Apesar de ainda não ser mãe, concordo plenamente com o que foi dito aqui. Não podemos sofrer, só porque os falsos moralismos nos dizem que ser boa mãe é dar de mamar. Com certeza um dia que tenha um filho vou querer amamentar, mas se isso me custar muito, se doer como já ouvi algumas amigas dizer, não vou hesitar em parar, porque é como diz a Carla, para os nossos filhos estarem bem, nós também temos de estar.
Beijinhos e muitas felicidades.